Publicação em Portugal

Em março de 2023 o primeiro livro do projeto “Percursos Afetivos”, que assim também é nomeado, ganha uma edição portuguesa publicada pela Kotter Portugal. Os lançamentos ocorreram no Porto na Livraria Aberta, em Lisboa no Kreatori Café e na Centésima Página Livraria em Braga. Para esta edição foi convidada a escritora Marta Duque Vaz para a orelha do livro. O texto que ela escreveu inicialmente precisou ser adequado para caber na “orelha” do livro, mas aqui está como foi recebido originalmente:

“Uma bicicleta e um coração

Uma bicicleta e um coração, nas mãos certas, contam histórias inesquecíveis. Mais: mapeiam cidades com novos percursos, desvendam humanidades tão diversas como cada olhar que se insinua. Uma bicicleta e um coração, mudam o mundo.

Se o coração pertence ao Cadu Cinelli e se a bicicleta leva o rumo da sua alma, então, pela certa, teremos “Percursos Afectivos”. Uma nova ordem emerge desse seu olhar arguto, livre e autêntico. Por isso, tão transparente e incontido. Mas também um olhar inclusivo, abrangente que chama a si o mais humano das cidades. Tantas vezes, o inobservado fica retido no seu olhar, preso na sua retina de treinado contador de histórias, genuíno geógrafo de afetos. De forma absolutamente única, Cadu Cinelli, devolve-nos esse reparo, essa cidade feita de histórias singulares, histórias-célula que compõe o nosso ADN colectivo.

Sem afeto, não se aprende; nada fica em nós. As experiências esvanecem-se se não as ligarmos a um marco afetivo. A bicicleta e o coração [do Cadu] traçam no espaço citadino, por via da experimentação, da participação, a expressão artística dessa vivência, traduzida em narrativas que vinculam conhecimentos e proporcionam aprendizagens. Sim. Porque a melhor forma de aprender é sentir. E se tivermos pedalada para o acompanhar, sentimos muito. Sentimos que adentrar estes territórios habitados por personagens reais, é ter acesso a um conhecimento muito particular, a um Outro imediato e próximo que ombreia connosco no nosso habitat. Além da mundividência poética do Cadu Cinelli, encontramos aqui uma antropologia do olhar; contributos para uma antropologia urbana; etnografias diversas que reflectem a cidade; revelam literaturas orais e marginais que de um outro modo, poderiam permanecer ocultas.

Aceitar o convite para nos sentarmos neste selim é, ainda, cumprir a máxima de Margaret Mead: “não duvidemos que um pequeno grupo de pessoas conscientes e comprometidas possa mudar o mundo. Sempre foi assim que o mundo mudou”. E um grupo de velocípedes com a engrenagem devidamente ligada ao coração, vai com outra ligeireza. E não polui. Nem a cidade, nem o olhar.

Marta Duque Vaz / Escritora, antropóloga, leitora”

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